No artigo anterior, explorei como critérios subjetivos podem ampliar o alcance dos resultados das pesquisas de opinião, utilizando o que denomino de metodologia dos 3 D (Demografia, Democracia e Diversidade), alcançando uma análise mais ampliada da informação, afinal, a visão de mundo das pessoas é o que conduz suas escolhas.
A pesquisa de opinião é vista como uma ferramenta para se medir de maneira estatística o comportamento das pessoas em determinado momento. Porém, tem se mostrado em muitas ocasiões, um recursos muito pouco eficientes para a compreensão dos fenômenos dinâmicos da nossa sociedade, pois, é tratada como um retrato de um determinado momento. Isto é verdade quando busca resultados estáticos ou pouco móveis. Mesmo as pesquisas em série ou trackings são apenas um retrato de momentos diferentes daquilo que se está investigando.
Mas, o que é mais relevante e que as pesquisas poderiam nos oferecer, o movimento da sociedade e não uma sequência de retratos, quase nunca é revelado.
O universo da pesquisa e da tecnologia, já permite alcançar uma visão deste movimento das pessoas, alcançar uma visão mais holística, uma visão em 3 D e, entender mais de um vetor na formação do movimento da sociedade, de sua opinião em direção a qualquer situação ou escolha e não uma visão estanque, segmentada desta opinião. É preciso aceitar que o ser humano e a sociedade vivem em constante mutação, apresentando momentos de transição e fluxos históricos e isto impacta as pesquisas. Portanto, é impossível, como explicado por uma das bases da Física Quântica (o princípio da incerteza de Niels Bohr), termos uma situação perfeita, sem que o meio por onde se obtém a informação não interfira na produção da mesma. Se a pessoa é entrevistada na rua, ou em casa, ou por telefone, ou num grupo de discussão ou pela internet, cada ambiente destes, bem como a interação entre entrevistado e entrevistador e roteiro ou questionário da entrevista geram incertezas nas respostas, sem contar na análise dos dados obtidos e nos meios escolhidos para sua divulgação por melhor e mais eficiente que o instituto e sua metodologia sejam.
Neste caso, acreditamos que é preciso alguma ruptura com o modelo tradicional de amostra perfeita para obtermos… uma amostra perfeita, baseada na “imperfeição”, no movimento. No caso do Brasil, amostra perfeita tradicional é aquela que se utiliza dos dados da PNAD do IBGE para definir segmentos, regiões, renda, escolaridade, idade, sexo e outras variáveis como, dispersão, quantidade de entrevistas, expansões por segmento. São “variáveis fixas”.
Isto quer dizer que a estatística não serve ou não deve ser usada?
Não!
O que se quer dizer é que não é possível ter uma visão abrangente baseado apenas num critério de formação de base amostral e usando ferramentas únicas de investigação e de análise de resultados ou que não são comunicantes. Nenhuma delas é mais ou menos eficaz do que a outra. Quantitativa, qualitativa, on line, profundidade, são ferramentas úteis isoladas, mas, conversando entre sí e dialogando com fontes multidisciplinares, permitem uma leitura muito mais ampla da natureza humana e resultados mais eficientes.