Parte 1
As pesquisas de opinião são uma ferramenta decisiva para se compreender a dinâmica do comportamento humano, tanto em grupos sociais como no mais individualizado dos seus aspectos. Tudo é uma questão de objetivo, método e qualidade.
É uma ferramenta fundamental para quem quer desenvolver qualquer projeto que vise tranformar uma nação, articular uma agenda global ou que aponte caminhos para soluções pessoais. E claro, fortalecer uma marca ou produto.
Mas a tradição das pesquisas que investigam comportamentos (base da pesquisa de opinião) é de uma abordagem parcial, segmentada e muitas vezes desconectada de fenômenos que envolvem três espaços essenciais da vida das pessoas na atualidade e que formam seus valores e visão de mundo: a realidade socioeconômica ou demográfica, os valores democráticos e os avanços civilizatórios da diversidade humana.
São três margens em que nem sempre se pensa quando uma pesquisa é planejada. Necessidade muito grande nos dias de hoje, pois, é com base neles que revelamos aquilo que somos, e o que queremos ser.
Uma visão cujo campo de investigação seja mais amplo em seu aspecto objetivo e também incorpore a subjetividade, raramente é desenvolvida para o planejamento e o alcance de uma pesquisa de opinião. É o que vemos, por exemplo, na ausência, na maioria do casos, do cruzamento dos seus resultados com dados primários obtidos nas investigações demográficas ou acadêmicas, como as do IBGE, IPEA, FGV, etc. e do uso deste cruzamento para uma análise mais ampliada dos resultados.
Inúmeros estudos são feitos no campo da economia, sociologia, psicologia, ciências políticas, antropologia e outras áreas afins, buscando identificar estes movimentos subjetivos na sociedade.
Alguns de grande acuidade, como a Teoria dos 3 Ts (Talent, Tolerance and Technology, do professor Richard Florida, da Universidade de Toronto e autor do conceito de “creative class” – em seu livroThe Rise of the Global Crieative Class). Por meio de dados censitários e pesquisas de opinião, ele aponta o papel destas três dimensões da vida humana, como essenciais no sucesso do desenvolvimento de cidades que tem potência num ou nos três aspectos.
Estas pesquisas demandam grande período de acúmulo de informações. Na maioria dos casos, obtém resultados tão complexos, modelos tão sofisticados, que raramente se consegue adequa-las, com relativa agilidade, às demandas de uma marca, ao lançamento de um produto, à uma campanha política. Tampouco elas são eficazes à execução de políticas públicas que atuam num sentido modernizante, progressivo e humanitário de valores, quando poderiam facilitar sua aceitação ou clarificar o porque da adoção de “policies” com o mesmo sentido. O oposto também é verdadeiro, ao não dialogar com dimensões da vida humana (condição socioeconomica + valoresdemocraticos + diversidade), as pesquisas de opinião se mostram incompletas e seus resultados aquém do seu potencial.
Entretanto, não é apenas a ausência da subjetividade que está na origem das imperfeições ou insuficiências das pesquisas de opinião hoje realizadas. O modelo estático de obtenção e análise de resultados também contribui com este cenário. Mas, este é assunto para o nosso próximo post.